LEITURAS: 1Sm 16,1b.6-7.10-13a / Sl 22 / Ef 5,8-14 / Jo 9,1-41
O Evangelista João apresenta Jesus como “luz do mundo” e, na cena do Evangelho de hoje, Ele abre os olhos àquele que estava na escuridão. O cego, assim como outros portadores de necessidades especiais, era tido como pecador. Era a mentalidade de que a doença e a pobreza eram castigo de Deus por causa do pecado da pessoa ou de seus pais. Jesus, no entanto, rompe com esta mentalidade mostrando que Deus não quer castigar os seus filhos e filhas, mas os ama a ponto de dar a vida. Jesus rompe também com o legalismo e a falta de caridade. É um dia de sábado e Ele cura o cego que para os judeus era insignificante, tanto que no Evangelho ele não tem nome. Por isso, os judeus acusam Jesus de pecador e não querem acreditar naquele que fora cego.
O homem que fora cego faz um caminho de crescimento na fé. Primeiro ele observou o que Jesus tinha dito e foi “lavar-se na piscina de Siloé” (esta piscina era alimentada por uma nascente que está em Jerusalém). Quando os fariseus o interrogaram ele deu testemunho dizendo que Aquele que lhe “abriu os olhos” era um “Profeta”, que quer dizer um homem de Deus, um porta-voz de Deus. Quando Jesus o encontrou novamente, ele fez sua profissão de fé e “prostrou-se diante d’Ele”. Era o reconhecimento de que Deus havia cumprido a sua promessa de enviar o Salvador que abriria os olhos aos cegos e daria “vida em abundância” a todos os seus filhos e filhas.
Na carta aos efésios o autor está dizendo “vós sois luz no Senhor”. Ele queria indicar que os cristãos de Éfeso viviam nas trevas antes de conhecerem Jesus e abraçarem o Evangelho. É uma forma para dizer que eles viviam no pecado e suas obras eram “obras das trevas”, quer dizer, obras de egoísmo, de ódio, de violência, de roubos e assassinatos. Como cristãos, deveriam deixar para trás todo pecado e “discernir o que agrada a Deus” para brilhar a luz de Cristo.
Hoje os cristãos são chamados a olhar com os olhos de Jesus aqueles tidos como “insignificantes”: portadores de necessidades especiais, enfermos, pobres, abandonados, migrantes e refugiados, excluídos, marginalizados, vítimas de violência e os “não documentados” que, para o poder público, não existem. Jesus, “luz do mundo” não esperou o cego pedir-lhe a cura, mas deu-lhe a visão para que tivesse vida digna. Os cristãos também não podem ficar indiferentes diante do sofrimento de irmãos e irmãs e ficar esperando.
A Campanha da Fraternidade deste ano nos pede ações concretas diante da fome, sejam emergenciais, sejam preventivas criando oportunidades de desenvolvimento humano e garantia de direitos básicos.
Frei Valmir Ramos, OFM