LEITURAS: Ex 17,3-7 / Sl 94 / Rm 5,1-2.5-8 / Jo 4,5-42
O Evangelista João apresenta esta passagem de Jesus pela Samaria como sinal do amor de Deus por todos os povos e nações. Os samaritanos eram discriminados pelos judeus por terem construído um templo sobre o Monte Garizim, na Samaria. Para os judeus, os samaritanos não mereciam nem o perdão, nem a salvação de Deus. Jesus, porém, sendo o Salvador enviado ao mundo e não apenas à Judeia, passa pela Samaria e descansa junto ao poço de Jacó, onde uma mulher foi buscar água. Neste contexto o evangelista apresenta o ensinamento revelador de Jesus e a conversão da samaritana.
O Evangelho mostra como Jesus surpreende a todos com a sua ação, seja a mulher, sejam os discípulos. Primeiro porque passa pela Samaria, sem discriminar os samaritanos; depois fala com uma mulher samaritana. Ele nem devia dirigir-se às mulheres, quanto mais falar com uma samaritana. Finalmente, está cansado, mas nem bebe e nem come nada, pois a sua missão é maior que o alimento material. No diálogo com a Samaritana, Jesus parte da água necessária para a sobrevivência nesta vida para chegar à “água que jorra para a vida eterna”, quer dizer, o Espírito Santo. Pedagogicamente, Jesus ensina à mulher que o Deus verdadeiro é Espírito e verdade. Simbolicamente, os cinco ex-maridos daquela mulher significam cinco ídolos que eram adorados naquela região. Então Jesus oferece a ela a verdade. A samaritana, por sua vez, é alguém que está em busca, por isso reconhece Jesus como um “profeta” e começa a pensar se Ele não é o Messias.
A última surpresa para os discípulos judeus foi que a mulher tornou-se anunciadora de Jesus, foi contar à cidade quem ela tinha encontrado e “muitos samaritanos acreditaram em Jesus” e pediram para que ficasse com eles.
A liturgia deste Domingo nos oferece a oportunidade de ver como Deus está presente na vida do seu povo, caminha com ele e faz tudo para que seus filhos e filhas tenham vida. É o que vemos na primeira leitura quando mostra que Deus faz brotar água da rocha. O próprio Rio Jordão nasce no sopé de uma rocha! São Paulo testemunha aos romanos que a maior “prova de que Deus nos ama” é que “Cristo morreu por nós, quando éramos ainda pecadores”. O grande amor de Deus é por todos os seus filhos e filhas, sem exclusão de nenhum povo.
A quaresma oferece aos cristãos uma grande oportunidade para superar todo tipo de discriminação, para aprofundar sempre mais o diálogo com Deus, adorá-lo em Espírito e verdade, para anunciar com ações a bondade e a misericórdia de Jesus, único e verdadeiro Salvador. Ao mesmo tempo, é oportunidade para defender o direito de todos à água potável gratuita e ao alimento necessário para boa saúde e vida digna.
Frei Valmir Ramos, OFM