LEITURAS: At 15,1-2.22-29 / Sl 66 / Ap 21,10-14.22-23 / Jo 14,23-29
O amor verdadeiro a Jesus está vinculado à observância de sua Palavra, do seu Evangelho. Para São João, Jesus é a Palavra do Pai que se encarnou e “fala” com sua vida, seu ensinamento e suas ações. Observar a Palavra de Jesus será o sinal mais autêntico do amor por Ele. É confortante, maravilhoso saber que através do amor a Jesus chegamos ao Pai, pois Ele é o caminho que nos leva ao Pai. Ainda mais confortante é saber que quem ama, observa a Palavra de Jesus, torna-se morada de Deus: “viremos e faremos nele a nossa morada”. Esta é uma referência clara do Espírito Santo “que o Pai enviará”. Que dignidade Deus nos concede!
São João coloca este ensinamento de Jesus no contexto de sua despedida, quando Ele estava reunido com os discípulos para a última ceia. Antes de deixar o seu mandamento, que é o mandamento do amor, Jesus lavou os pés dos discípulos num gesto concreto que indica amor verdadeiro. Ao mesmo tempo Ele anuncia que deve ser traído, preso, morto. Os discípulos estão meio confusos. Aí ele anuncia: “A minha paz vos dou”. No idioma de Jesus “paz” significa vida em abundância, saúde, gosto pela vida, serenidade, paz interior e exterior. É uma expressão que indica a salvação messiânica quando o Deus da vida está com o seu povo para derrotar todos os mecanismos de morte e ameaças contra vida e a dignidade humana.
Os discípulos entenderam bem este ensinamento somente mais tarde e tiveram que aprender durante a missão que o Espírito Santo está guiando a Igreja. Por isso, vemos na primeira leitura que tiveram que reunir-se para decidir sobre a acolhida dos irmãos que não eram judeus. Entenderam que deveriam deixar as tradições e exigências do judaísmo daquele tempo para abraçar o Evangelho de Jesus. E ainda mais porque o Espírito Santo era enviado a todos, judeus e estrangeiros considerados pagãos. Somente assim abriram-se os horizontes dos discípulos até o autor do Apocalipse anunciar a sua visão da Igreja como “Nova Jerusalém” com doze colunas e doze portas. As colunas representam os Apóstolos que deveriam anunciar Jesus e seu Evangelho para todos os povos. As portas em todas as direções indicam a abertura da Igreja para todos os povos.
Hoje os cristãos todos são chamados a observar a Palavra e a colocar-se a serviço dentro das sociedades para que as pessoas, morada de Deus, possam ser mais respeitadas e possam viver em paz.
Frei Valmir Ramos, OFM