LEITURAS: Is 43,16-21 / Sl 125 / Fl 3,8-14 / Jo 8,1-11
Deus não olha para o passado, mas para o futuro de seus filhos e filhas. O profeta Isaías anunciou a palavra de Deus dizendo “eis que eu farei coisas novas”. Esta é uma indicação de que Ele continua agindo no meio do seu povo para libertá-lo das escravidões do pecado, das instituições que levam à morte e das mesquinharias humanas.
No Evangelho deste Domingo vemos a ação de Jesus que salva a humanidade. Este texto do Evangelho de João parece que foi inserido na obra joanina por outro autor, mas traz o ensinamento prático de Jesus que não aceita a injustiça, o preconceito, a discriminação e a pena de morte. Os mestres da Lei e os fariseus estavam atrelados a uma lei injusta e cruel. Eles queriam acusar Jesus para condená-lo à morte, por isso levam uma mulher que cometeu adultério. Jesus conhece a hipocrisia daqueles homens e ensina que é preciso ser justo e misericordioso. A lei machista condenava somente a mulher. Eram somente homens que estavam lá acusando e queriam a pena de morte. Jesus, justo juiz, pede que eles façam um exame de consciência dizendo “quem dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra”. Jesus faz referência à antiga lei do Deuteronômio (cf. Dt 17,7). Acontece que todos se retiram “a começar pelos mais velhos”. Isto significa que a injustiça era transmitida de geração em geração entre os fariseus e mestres da Lei.
Jesus dialoga com a mulher sem perguntar-lhe se a acusação era verdadeira ou não, pois o que importa para Jesus é a pessoa e a superação do pecado. Ele olha para o futuro daquela mulher e da humanidade. Numa ação surpreendente para os fariseus, Jesus ensina que homem e mulher têm a mesma dignidade, que a vida vale mais do que qualquer lei religiosa ou civil, que o único perfeito e sem pecado é Deus, e por isso mesmo é o único juiz, e que Ele quer a conversão dos pecadores: “eu também não te condeno; podes ir, e de agora em diante não peques mais”.
O ensinamento para os cristãos de hoje é que todos precisamos fazer sempre exame de consciência, reconhecer que somos pecadores e não juízes de nossos irmãos e irmãs. Todos somos chamados a assumir uma atitude misericordiosa em relação aos irmãos, ajudando a superar ações pecaminosas e agindo para construir um futuro mais justo, sem discriminação e sem ameaças à vida. O conselho de São Paulo é renunciar a tudo “para experimentar a Cristo e a força de sua ressureição”. O Espírito do Ressuscitado será sempre a força dos cristãos.
Frei Valmir Ramos, OFM