LEITURAS: At 4,8-12 / Sl 117 / 1Jo 3,1-2 / Jo 10,11-18
“Tenho o poder de entregar a vida e de recebê-la novamente”. Na primeira leitura Pedro afirma que aquele que fora crucificado agora está vivo, pois “Deus o ressuscitou dos mortos” e tornou-se a “pedra angular” como o salmista havia anunciado (cf Sl 117,22). A pedra, reconhecida por seu peso, sua solidez, sua duração, é sinal de força. A pedra angular pode ser aquela encaixada bem no centro do arco com a função de sustentar todas as outras ou ainda aquela colocada bem no ângulo da construção servindo de fundamento para as paredes ou colunas. Jesus ressuscitado é então o fundamento da nova família de Deus, do novo povo de Deus.
No Evangelho Ele se revela como o “Bom Pastor que dá a vida por suas ovelhas”. Na Bíblia a imagem do pastor era utilizada para indicar os chefes do povo, aqueles que tinham a missão de cuidar do povo. Como eram negligentes e interesseiros, Deus sempre os exortou através de seus profetas. O próprio Deus é reconhecido como aquele que conduz o seu povo, como o pastor que cuida de suas ovelhas e dá maior atenção àquelas frágeis e doentes. No tempo de Jesus não era diferente. Os que deviam cuidar do povo eram os que mais o atacavam e exploravam, quando não, diante da ameaça, abandonava o seu povo e fugia. Por isso, Jesus se distingue como o “Bom Pastor” que não é mercenário, que não abandona suas ovelhas, nem olha para os seus próprios interesses. Ao contrário, dá sua vida por elas. Esta é expressão do maior amor.
Como “Bom Pastor” Jesus não é um rei, nem patrão e dono das ovelhas, mas é Aquele que ama a ponto de entregar a própria vida. Ele reúne o “rebanho” como único pastor e o conduz para junto do Pai que ama, cuida e nunca abandona. No cumprimento de sua missão, Jesus quer todos os povos reunidos como “um único rebanho”. Isto significa que o amor de Deus não é exclusivo por um povo ou um grupo, mas por todos os seus filhos e filhas de todas as raças e nações.
Hoje é importante os cristãos entenderem que fazem parte de um mesmo rebanho, por isso é preciso caminhar em uma mesma fé, unir as forças para defender a vida e a dignidade das pessoas e da criação; é preciso estar atentos às necessidades dos mais frágeis e vulneráveis. É preciso que os pastores das Igrejas sejam “bons pastores” que dão a vida por suas “ovelhas” e não apenas administradores ávidos de poder e dinheiro. É preciso que os governantes sejam cuidadores do bem comum e não apenas legisladores dos próprios interesses e dos daqueles dos grupos que o elegeram e administradores da cobiça.
Frei Valmir Ramos, OFM