4º Domingo da Páscoa: “As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem!”

LEITURAS: At 13,14.43-52 / Sl 99 / Ap 7,9.14b-17 / Jo 10,27-30

No Evangelho de João, Jesus tinha acabado de dizer “eu sou o bom pastor” (cf. Jo 10,11) e agora diz “as minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem”. É bom recordar que na Bíblia, a imagem do pastor era utilizada para indicar os chefes do povo, aqueles que tinham a missão de cuidar e proteger o povo. Acontece que eram negligentes e interesseiros. Jesus se distingue como o “Bom Pastor” por que não é mercenário, não abandona suas ovelhas, nem olha para os seus próprios interesses. Ao contrário, dá sua vida por elas.

Jesus reúne suas “ovelhas” num único “rebanho”, e como único pastor as conduz para junto do Pai que ama a todos os seus filhos e filhas de todas as raças e nações. Escutar a voz de Jesus significa acolhê-lo como Filho de Deus, enviado para salvar a todos, e colocar seus ensinamentos em prática. Quando Jesus diz “eu as conheço” é porque as “ovelhas” estão vigilantes e realizando o seu projeto, como vemos no Evangelho de Mateus (cf. Mt 25,12). O seguimento de Jesus então significa adesão a Ele e à sua Palavra para fazer a vontade do Pai.

A leitura do Apocalipse apresenta a visão do autor que contempla Jesus ressuscitado com todo o seu rebanho de “gente de todas as nações” que formava “uma multidão imensa”. É a visão da glória de Jesus partilhada com seus seguidores, sendo muitos deles martirizados porque foram fiéis ao Evangelho. Lavar as vestes no “sangue do cordeiro” é uma imagem de purificação através do sacrifício da própria vida por causa de Jesus e do seu Evangelho. Aí aparece mais uma vez a imagem do pastor que conduz suas ovelhas às “fontes de água viva”, que indica a vida eterna.

Os cristãos hoje precisam abrir bem os ouvidos para escutar o que Jesus está dizendo em nossos dias, para viver e anunciar a palavra exigente do Evangelho. Paulo e Barnabé o fizeram de modo audacioso, dentro das sinagogas, onde os poderosos mantinham os seus interesses. Eles instigaram as poderosas da sociedade para caluniarem e perseguirem os missionários do Evangelho. Hoje também os cristãos precisam ser audaciosos, pois se buscarem somente os aplausos da sociedade e dos poderosos não serão “luz para as nações”. Para afugentar o medo, nenhum seguidor ou seguidora de Jesus pode esquecer-se que o amor do Pai conserva a união do rebanho e lhe garante a vida eterna mesmo passando pelo martírio.

Frei Valmir Ramos, OFM