LEITURAS: Sf 3,14-18a / Is 12, 2-6 / Fl 4,4-7 / Lc 3,10-18
A liturgia deste 3º Domingo sugere a alegria de festa porque Deus salvador está no meio do seu povo. Esta é a mensagem que vemos na primeira leitura transmitida pelo profeta Sofonias. A atividade deste profeta pode ser situada um pouco mais de 600 anos antes de Cristo, durante o reinado de Josias. Era um período difícil para o povo que sofria grande influência dos ídolos da Assíria. Daí o anúncio do castigo que seria imposto ao povo hebreu pela infidelidade ao Deus verdadeiro. Havendo conversão, chegaria a alegria por saber que o Deus verdadeiro não tinha abandonado o seu povo e que agia “movido por amor” e tinha revogado a sentença.
No Evangelho vemos João Batista cumprindo a sua missão de preparar a chegada do Messias através da conversão dos corações. De fato, vemos as pessoas perguntando o que fazer. A resposta é clara: os que não têm uma conduta de acordo com a vontade de Deus devem converter-se e deixar para trás o egoísmo, a corrupção, a extorsão e viver a solidariedade, a partilha e a honestidade. Na prática, João está dizendo que as pessoas deveriam viver mais o amor pelo próximo para expressar melhor o amor por Deus.
Da clareza de resposta de João Batista que coincide com o que os profetas anunciaram da vinda do Messias, vem a indagação se ele não era o Cristo, o Messias. Sua declaração é categórica: “eu vos batizo com água, mas virá aquele que é mais forte do que eu”. O batismo com água era para a conversão, indicando a purificação dos pecados. Mas João anuncia o “mais forte” que “batizará no Espírito Santo e no fogo” e realizará a salvação para aqueles que tiveram uma conduta de vivência do amor. Aquele que virá fará morada não apenas no meio do povo como uma massa coletiva, mas fará morada em cada filho e em cada filha batizada. A imagem do fogo traz assim dois sentidos imediatos: o da purificação absoluta, como acontece com os metais levados ao fogo intenso, e o da presença de Deus, como vemos no Antigo Testamento e vem inserido no dia de Pentecostes.
Aí então entendemos o porquê da alegria, pois Deus cumpriu a sua promessa de enviar o Salvador para resgatar o seu povo e fazer dele um povo fiel que vive a solidariedade, a partilha, a misericórdia, a bondade e a corresponsabilidade de uns para com os outros. Hoje os cristãos são chamados a “não se conformar com este mundo” onde o egoísmo, a cobiça, a corrupção, a extorsão e outras formas de exclusão e aniquilamento dos seres humanos parecem normais. Num mundo onde reina uma infinidade de ídolos, os cristãos são chamados a abraçar o único e verdadeiro Deus que veio morar em cada um deles. Este é motivo de alegria constante e empenho na vivência do amor altruísta.
Frei Valmir Ramos, OFM