3º Domingo do Advento: “[…] de todos os homens que já nasceram, nenhum é maior do que João Batista. No entanto, o menor no Reino dos Céus é maior do que ele!”

LEITURAS: Is 35,1-6a.10 / Sl 145 / Tg 5,7-10 / Mt 11,2-11

O profeta Isaías vivenciou períodos difíceis para o povo de Deus, teve experiências de reis que não praticavam a justiça e ele via o sofrimento do povo longe de sua terra e numa situação de “dor e pranto”. É neste contexto que ele reanima o povo com as promessas de Deus dizendo “é Ele que vem para vos salvar”. Depois segue com a ação concreta de Deus no meio do seu povo: “se abrirão os olhos dos cegos e se descerrarão os ouvidos dos surdos. O coxo saltará e se desatará a língua dos mudos”. Tudo isso indica a ação de Deus que quer defender a dignidade de cada filho e cada filha e quer instaurar o seu Reino neste mundo.

No Evangelho vemos como João Batista está na prisão e está meio confuso, pois ele apareceu como profeta de Israel depois de cinco séculos sem profetas e tinha a missão de “preparar o caminho” do Messias. Parece que João Batista não esperava também que o Salvador nascesse em uma cidadezinha no deserto. Os seus discípulos ouviram de Jesus o que eles mesmos já tinham visto: “os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados”. Estes são sinais da presença do Reino de Deus no meio do seu povo. Aquilo que o profeta Isaías anunciava, agora está acontecendo com a ação de Jesus que devolve a dignidade às pessoas que eram excluídas da sociedade e da comunidade religiosa.

A missão de Jesus é construir o Reino de Deus presente na vida de seus filhos e filhas e garantir-lhes vida digna neste mundo e conduzir a todos para a salvação. O que ninguém esperava e, por isso mesmo, muitos se escandalizavam, é que Jesus viesse na simplicidade, na pobreza, se fizesse homem e nascesse em uma gruta reservada aos animais. Talvez esperassem um rei militar poderoso que conquistasse o bem-estar com armas e com as forças do exército.

Num momento em que os cristãos eram perseguidos e muitos eram martirizados, São Tiago pede perseverança dizendo “ficai firmes até a vinda do Senhor”. E mais, “tomai por modelo o sofrimento e a firmeza dos profetas”. São Tiago tinha a esperança de que Jesus retornasse glorioso pela segunda vez naqueles anos. Depois os cristãos compreenderam que esta segunda vinda é bem diferente daquela que pensavam e esperavam.

De fato, a vinda de Jesus no Natal aquece os corações para que todos os seus discípulos-missionários não deixem de defender a vida digna de todas as pessoas, especialmente dos pobres, dos doentes, dos portadores de necessidades especiais, dos perseguidos por causa do Reino e anunciem a todos que o Salvador está agindo entre eles.

Frei Valmir Ramos, OFM