LEITURAS: Ex 20,1-17 / Sl 18 / 1Cor 1,22-25 / Jo 2,13-25
Jesus anuncia a sua ressurreição estando no templo de Jerusalém para a festa da Páscoa. Os judeus celebram a Páscoa como memória da libertação de seu povo escravizado no Egito. João evangelista narra a ação de Jesus contra aqueles que fizeram do templo um mercado. Era a forma mais evidente de desrespeitar a Lei de Deus dada a Moisés: “não tereis outros deuses diante de mim”. O que os vendedores e cambistas estavam fazendo era verdadeira idolatria do dinheiro. Pior, eles realizavam idolatria e exploração dos pobres que eram obrigados a trocar as moedas romanas e comprar animais para os sacrifícios. Por causa disso, Jesus usa um chicote para expulsá-los do templo.
Jesus faz aí o seu ensinamento transmitido de maneira figurada pelo evangelista. “Destruí este templo e em três dias eu o levantarei”. Os judeus pensavam nas pedras, mas Jesus pensa no seu corpo que, colocado no sepulcro, ressuscita glorificado no terceiro dia. Este corpo será muito mais que o templo de pedras, será o centro do culto em “espírito e verdade”, lugar da presença de Deus donde brota a água viva. Simbolicamente todos os elementos indicam a vida que vence a morte.
Este será o testemunho de São Paulo na 2ª leitura que fala do “Cristo crucificado” como escândalo para os judeus e loucura para os pagãos. Mas, para os cristãos, Cristo é força e sabedoria de Deus, pois através da cruz ele faz brotar a vida. A morte imposta a Jesus não é o final de sua missão, pois com a ressurreição tudo fica mais claro no projeto de Deus para salvar a humanidade das travas da morte.
Os mandamentos de Deus transmitidos ao seu povo através de Moisés estão ligados diretamente com a aliança que Deus faz com o seu povo. Deus se empenha com o seu povo e quer que o povo se empenhe com Ele através da observância dos mandamentos. Como sabemos, Jesus resume os mandamentos na vivência do amor a Deus e ao próximo. O que ele viu no templo não era vivência do amor nem por Deus, pois os cambistas tinham colocado o dinheiro no lugar de Deus, nem pelo próximo, pois os vendedores exploravam os pobres por cobiça do dinheiro.
Hoje os cristãos são chamados a colocar Deus em primeiro lugar, amá-lo de todo coração e com todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo. Este culto agrada a Deus, pois o amor gera vida e a idolatria do dinheiro gera injustiças, violência e morte. É tempo dos cristãos se empenharem por um mundo mais pacífico, onde todos se respeitam por serem filhos e filhas do mesmo Deus e constroem a fraternidade através de gestos concretos.
Frei Valmir Ramos, OFM