LEITURAS: At 3,13-15.17-19 / Sl 4 / 1Jo 2,1-5a / Lc 24,35-48
“Vós sereis testemunhas!” (Lc 24,48). O evangelista Lucas apresenta as aparições de Jesus ressuscitado de forma cronológica: primeiro às mulheres que foram bem cedo no Domingo para “embalsamar” o corpo de Jesus e encontraram o túmulo vazio (cf Lc 24,1-8); ao entardecer, aos dois discípulos que iam para Emaús e Jesus caminhou com eles e explicou-lhes as Escrituras, depois revelou-se ao partir o pão (cf Lc 24,13-32); ainda naquele dia à noite, Jesus ressuscitado apresenta-se aos discípulos reunidos (Lc 24,36).
Jesus ressuscitado não aparece como um fantasma, mas em carne e osso, traz nas mãos e nos pés as marcas dos pregos, uma chaga no peito e tem fome. Os discípulos e discípulas não podiam imaginar como seria a ressurreição apesar de terem ouvido Jesus mesmo falar dela. Os dois de Emaús só foram reconhecer Jesus ao partir o pão. Para São Lucas é a celebração da Eucaristia precedida por uma longa explicação das Escrituras. Estando presente na Eucaristia não precisa mais a presença física. Aos discípulos reunidos Jesus ressuscitado também explica as Escrituras e mostra-lhes como “cumpriu-se tudo a respeito dele conforme estava escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos”.
Tendo cumprido a sua missão, cabe aos discípulos serem testemunhas de Jesus de Nazaré ressuscitado e continuarem a construção do Reino com a força do Alto, o Espírito Santo. O testemunho será em primeiro lugar o da vitória da vida sobre a morte, o que levará os cristãos a defenderem a vida e atuarem para que todos possam ter o pão necessário para mantê-la. O que Ele fez, agora os discípulos devem continuar fazendo. Nos Atos dos Apóstolos vemos que os primeiros discípulos agiram como testemunhas seja da ressurreição de Jesus, seja do cumprimento das Escrituras para o perdão dos pecados e a salvação da humanidade.
Também na primeira carta de João vemos este testemunho e mais o apelo à conversão. É a comunidade primitiva crescendo na fé e também enfrentando as dúvidas, as incompreensões e a falta de fidelidade aos mandamentos. O apelo de João é que todos vivam o amor verdadeiro e abracem o Evangelho.
Hoje os cristãos são convocados a escolher a vida com atenção especial à sua sacralidade. Os judeus escolheram a morte quando pediram para libertar um assassino e prender o “autor da vida”. Ressuscitado, o autor da vida conta com seus seguidores e seguidoras para que vida seja respeitada em todas as fases e circunstâncias.
Frei Valmir Ramos, OFM