3º Domingo da Páscoa: “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo!”

LEITURAS: At 5,27b-32.40b-41 / Sl 29 / Ap 5,11-14 / Jo 21,1-19

Jesus ressuscitado aparece mais uma vez aos discípulos que ainda estão crescendo na fé. Este capítulo do Evangelho segundo João é um acréscimo à obra que pode ter sido inserido pelo próprio autor ou por um discípulo dele. É mais uma página maravilhosa do Evangelho mostrando a presença de Jesus com os seus e a missão universal que Ele ressuscitado dá aos discípulos.

A construção do Reino de Deus interrompida na cruz não pode parar. No Evangelho de João, Jesus tinha aparecido a Maria Madalena, aos discípulos reunidos com medo dos judeus, e agora aparece aos discípulos que tinham retomado a vida de antes e estavam trabalhando. Talvez Pedro não tivesse bem claro que Jesus o tinha chamado para ser “pescador de homens” (cf. Mc 1,17). As imagens do texto são significativas: a pesca com redes significa a vinda do Reino, significa também a missão dos Apóstolos; a barca é símbolo da Igreja; lançar as redes significa evangelizar pelo mundo; a abundância de peixes relembra a multiplicação dos pães, a água viva, a plenitude do Espírito dado por Jesus; a “pesca milagrosa” é sinal da presença de Jesus na missão que, sem Ele ao centro, não dá frutos; o convite de Jesus “vinde comer” e o seu gesto de distribuir o pão e o peixe é uma referência à ceia eucarística e também expressão d’Aquele que não admite que uma pessoa sofra de fome; “apascentar o rebanho” significa a missão dada a Pedro de conduzir a Igreja dos seguidores de Jesus.

Pedro e os demais discípulos assumiram a missão e anunciavam Jesus ressuscitado com vemos na primeira leitura. Este anúncio parece subversivo, pois vai contra a vontade dos poderosos da religião e da política. Daí a perseguição, os açoites, a proibição de falar d’Aquele que era anunciado como “Guia Supremo e Salvador”. Aí neste período os discípulos entenderam bem o significado do convite de Jesus: “segue-me”, pois do mesmo modo que Jesus foi perseguido, agora eles sofrem perseguição.

Para os cristãos de hoje o Ressuscitado pergunta: “tu me amas?” e continua dizendo: “apascenta as minhas ovelhas”. É a urgência de continuar construindo o Reino de Deus onde ainda prevalece o egoísmo, a violência, a fome, a exclusão de irmãos e irmãs ameaçados em sua dignidade, onde a sede de poder permite matar, arruinar a vida, onde a mentira parece ter vantagem diante da verdade. A missão dada por Jesus, a quem é atribuído “o louvor e a honra, a glória e o poder para sempre”, exige mais solidariedade dos cristãos.

Frei Valmir Ramos, OFM