2º Domingo do Advento: “[…] preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas!”

LEITURAS: Is 11,1-10 / Sl 71 / Rm 15,4-9 / Mt 3,1-12

Os evangelistas Mateus, Marcos e Lucas iniciam o anúncio da vida pública de Jesus com a pregação de João Batista: “convertei-vos porque o Reino dos Céus está próximo”. O Reino dos Céus é o Reino de Deus e aqui certamente São Mateus não usa o nome de Deus respeitando o modo de referir-se a Deus no Antigo Testamento. João Batista indica o caminho para fazer parte deste Reino através da conversão, isto é, da mudança de conduta, deixando para trás o pecado e praticando a justiça de Deus. O batismo que João realiza é com água, elemento de purificação de cada batizado. Mas ele anuncia um outro batismo que será feito por Aquele que veio para salvar a humanidade. João mesmo diz que é alguém forte, que batizará com o Espírito Santo. Isto significa que João Batista anuncia que o Salvador já está no meio do seu povo e que é tempo de viver e implantar a justiça de Deus. Daí a necessidade de conversão dos pecados.

O Salvador esperado que nasceu em Belém veio morar no meio do seu povo e batizará com Espírito e fogo. Este é o fogo purificador, pois não é possível entrar no Reino com as injustiças e maldades humanas, consideradas “palha” que será queimada no “fogo inextinguível” da geena.

O profeta Isaías anuncia o nascimento de alguém sobre o qual “repousará o Espírito do Senhor” que é “de sabedoria e discernimento”, “de conselho e fortaleza”, “de ciência e temor de Deus”. É alguém que implantará a justiça de Deus e “será como um sinal entre os povos”. O profeta anuncia ainda uma nova ordem no mundo, onde reinará paz e harmonia absoluta entre todas as criaturas. Pode-se dizer que o Reino de Deus fará com que não haja mais instinto de morte, de destruição e, ao contrário, haverá respeito de todos pela vida de todos. A justiça de Deus será a base do seu Reino.

Para os cristãos de hoje, o apelo de Deus é que superem toda forma de injustiça contra as pessoas e contra a natureza. Ao mesmo tempo é um apelo à coerência de vida, pois como diz João “não basta dizer que Abraão é nosso pai” ou que somos cristãos. É preciso “produzir frutos que provem a conversão”. De fato, para ser verdadeiro cristão é preciso ser trigo limpo e não misturado com palha, isto é, é preciso separar-se das situações de injustiça, de violência, de fraude, de desrespeito para com os outros. São Paulo pede aos romanos na segunda leitura que “acolham uns aos outros”. Este pedido revela que naquela comunidade fazia-se distinção de pessoas e havia um grupo que não queria aceitar os convertidos ao cristianismo que não pertenciam ao povo judeu.

Frei Valmir Ramos, OFM