2º Domingo da Quaresma: “Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo o meu agrado. Escutai-o!”

LEITURAS: Gn 12,1-4a / Sl 32 / 2Tm 1,8b-10 / Mt 17,1-9

Depois que Jesus revelou que deveria passar pela morte, Ele foi com os discípulos para rezar sobre um monte e aconteceu a transfiguração. A transfiguração de Jesus significa a sua revelação como Deus presente no meio do seu povo. Os discípulos viram a sua glória antecipada neste momento em que eles estão sobre a montanha. É antecipada porque Jesus deverá sofrer a paixão e morte de cruz para depois ressuscitar como vencedor da morte.

A nuvem é sinal da presença de Deus, então os discípulos entendem que estão diante do Deus da vida e veem Moisés e Elias como “profetas” que conversam com Jesus. Ainda não entendem bem o que está acontecendo, ficam com medo e Jesus lhes pede segredo. De fato, os discípulos só entenderam completamente o que Jesus disse e fez depois de vê-lo ressuscitado. E este é o testemunho que vemos na 2ª leitura dizendo que Jesus destruiu a morte, Ele é o Salvador.

Sobre a montanha uma voz ressoa: “este é o meu Filho amado, escutai-o”. O evangelista apresenta aí a identidade de Jesus: Ele é o Messias, o Salvador que deveria manifestar-se ao mundo com humildade, como servo que entrega a própria vida para que os filhos e filhas de Deus tenham vida. Pedro quer ficar na montanha, não quer que Jesus passe pelo sofrimento, pela morte. Contudo, São João evangelista afirma que “Deus amou tanto o mundo que entregou seu Filho único” (Jo 3,16). E o amor venceu a morte! Jesus por sua vez, não dá ouvidos à proposta de Pedro e desce da montanha para realizar a sua missão no meio do povo.

Jesus cumpre na prática a vontade do Pai para dar vida e salvar a todos. Isto significa obediência ao plano de amor pela humanidade. Por isso, vemos o testemunho de Abraão na 1ª leitura que sai da sua terra e vai rumo ao desconhecido porque Deus lhe revelou que faria dele um grande povo. Era o início da promessa de Deus que se completa com a vitória de Jesus sobre a morte.

Os cristãos de hoje têm uma grande oportunidade de refletir sobre a ação eficaz de Deus em nossa história. Uma ação que perpassa nosso dia a dia e a nossa história pessoal e comunitária. A transfiguração de Jesus dá esperança a todos que ainda enfrentam fome, sofrimentos, ameaças, discriminação, preconceitos, violência e a própria morte. Só Ele é Salvador. Para vivenciar uma fé madura, os cristãos precisam descer da montanha e ir ao encontro dos irmãos e irmãs que sofrem, continuando a missão de Jesus que foi interrompida na cruz.

Frei Valmir Ramos, OFM