2º Domingo da Páscoa: “Meu Senhor e meu Deus!”

LEITURAS: At 2,42-47 / Sl 117 / 1Pd 1,3-9 / Jo 20,19-31

A paz esteja convosco!” repete Jesus por três vezes. O Deus da paz, nascido “príncipe da paz”, agora ressuscitado saúda seus discípulos e discípulas desejando a paz com o sentido de “salvação”, de vitória sobre o mundo, sobre a injustiça, sobre a morte. A vitória de Jesus revela o poder do “Deus dos vivos, não dos mortos” (Mc 12,27), Ele é o Senhor da vida.

Agora seu corpo não tem mais os limites da vida terrena. Os discípulos estavam fechados com medo e o Ressuscitado apareceu no meio deles. Sua presença será constante e em todos os lugares onde estiverem seus seguidores. Foi difícil para os discípulos entenderem o que estava acontecendo. O final do Evangelho de Marcos traz uma síntese das aparições de Jesus ressuscitado dizendo que apareceu a Maria Madalena, a dois discípulos que iam para o campo e depois aos onze (cf Mc 16,9-14). Ainda assim, Tomé quer ver as chagas do Mestre Jesus de Nazaré. Ele, como os demais discípulos, percorreu um caminho de crescimento na fé para chegar ao reconhecimento de Jesus ressuscitado como “meu Senhor e meu Deus”.

Jesus ressuscitado cumpre a promessa feita aos discípulos de que enviaria o Espírito. A narração deste trecho do Evangelho indica que foi no mesmo dia da ressurreição que Jesus “soprou” sobre os discípulos. É o “sopro” de Deus, a força criadora de Deus, o Espírito Santo. De fato, a compreensão bíblica do Espírito de Deus parte da palavra que significa “sopro”, um vento que dá vida. O gesto de Jesus transforma a vida dos discípulos e faz nascer a sua nova família, a comunidade Igreja, que vai se fortalecer e continuar a missão que Jesus recebeu do Pai: “como o Pai me enviou, eu também vos envio”. De fato, os discípulos iniciaram a missão de anunciar o Evangelho de Cristo, que é Ele mesmo, sua vida e seus ensinamentos. A conversão de tantos irmãos e irmãs traz alegria aos Apóstolos como vemos na segunda leitura escrita por São Pedro. Ele, porém, anima as comunidades a serem perseverantes diante das “provações” e tribulações, pois o Ressuscitado quer salvar a todos.

Na primeira leitura vemos como a nova família de Jesus crescia a partir do testemunho dos discípulos e discípulas que foram enviados à missão. “Eram perseverantes da comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações”. A missão começa com o testemunho: “Viviam unidos e colocavam tudo em comum”. Esta forma de vida ensinada pelo Mestre evitava que alguns acumulassem enquanto outros ficavam na miséria. Na “alegria e simplicidade de coração”, formavam a comunidade animada pelo Espírito Santo na qual se podia enxergar as sementes do Reino de Deus. Este deve ser o testemunho dos cristãos de hoje. São Francisco de Assis vivenciou esta novidade e foi construtor da Paz, por isso é exemplo para todos.

Frei Valmir Ramos, OFM