2º Domingo da Páscoa: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio!”

LEITURAS: At 5,12-16 / Sl 117 / Ap 1,9-11a.12-13.17-19 / Jo 20,19-31

“A paz esteja convosco!”. O Deus da paz, nascido “príncipe da paz”, agora ressuscitado saúda seus discípulos desejando a paz com o sentido de “salvação”, de vitória sobre o mundo, sobre a injustiça, sobre a morte. A vitória de Jesus revela o poder do “Deus dos vivos, não dos mortos” (Mc 12,27), que é o Senhor da vida.

Já ressuscitado, o seu corpo não tem mais os limites da vida terrena. Os discípulos estavam fechados e o Ressuscitado apareceu no meio deles. Sua presença será constante e em todos os lugares onde estiverem seus seguidores. Foi difícil para os discípulos entenderem o que estava acontecendo. O final do Evangelho de Marcos traz uma síntese das aparições de Jesus ressuscitado dizendo que apareceu a Maria Madalena, a dois discípulos que iam para o campo e depois aos onze (cf Mc 16,9-14). Ainda assim Tomé quer ver as chagas de Jesus de Nazaré. Ele, como os demais discípulos, percorreu um caminho de crescimento na fé para chegar ao reconhecimento de Jesus ressuscitado como “meu Senhor e meu Deus”.

Jesus ressuscitado cumpre a promessa feita aos discípulos de que enviaria o Espírito. A narração deste trecho do Evangelho segundo João indica que foi no mesmo dia da ressurreição que Jesus “soprou” sobre os discípulos. É o “sopro” de Deus, a força criadora de Deus, o Espírito Santo. De fato, a compreensão bíblica do Espírito de Deus parte da palavra que significa “sopro”, um vento que dá vida. O gesto de Jesus transforma a vida dos discípulos e faz nascer a sua nova família, a Igreja, que vai se fortalecer e continuar a missão que Jesus recebeu do Pai: “como o Pai me enviou, eu também vos envio”. De fato, os discípulos iniciaram a missão de anunciar o Evangelho de Cristo, que é Ele mesmo, sua vida e seus ensinamentos. A Igreja recebe e a missão que Jesus recebeu do Pai: dar vida e defender a vida ameaçada.

Na leitura dos Atos dos Apóstolos vemos os discípulos atuando em nome do Ressuscitado e realizando “muitos sinais e maravilhas”, curando os doentes e libertando os “atormentados por maus espíritos”. A missão que estão realizando é sustentada pelo poder do Espírito Santo dado por Jesus vivo para sempre.

O autor do Apocalipse “vê” o Ressuscitado que afirma ser “o Primeiro e o Último, aquele que vive”. Ele recebe assim a revelação do Deus da vida que fez de seu Filho o vencedor sobre a morte e garantiu a vida para toda a humanidade.

Aos seguidores de Jesus nos dias de hoje compete continuar a missão interrompida na cruz. O Ressuscitado mesmo será a força da Igreja que precisa sair do medo, ir ao encontro das pessoas, enfrentar as ameaças e defender a vida e a dignidade de todos. Nesta missão o Espírito Santo será sempre a sua força.

Frei Valmir Ramos, OFM