LEITURAS: Is 63,16b-17.19b; 64,2-7 / Sl 79 / 1Cor 1,3-9 / Mc 13,33-37
Jesus que vem morar no meio da humanidade pede “ficai atentos”. No Evangelho deste Domingo, Marcos evangelista usa a palavra grega “kairós” que é traduzida por “momento”. A abrangência do termo “kairós” vai além do seu significado literal. Os cristãos usam este termo para indicar o “tempo de Deus”, que não é cronológico, pois não pode ser medido. É o tempo da salvação de Deus. O pedido de Jesus para ficar atentos é para todos, pois todos precisam empenhar-se em “praticar a justiça com alegria”, como vemos na 1ª leitura. O profeta mostra como o povo queria colocar a culpa em Deus pelos sofrimentos, mas, de fato a culpa é daqueles que deixaram de observar a vontade de Deus e se tornaram malvados. A imagem do oleiro é forte e contém o pedido a Deus de “refazer” os seus filhos e filhas.
O tempo do Advento é uma oportunidade para todos os cristãos refletirem sobre o mistério da vinda de Jesus. Ele veio em um momento histórico, em um tempo determinado, quando Herodes era rei, e nasceu como um menino em lugar determinado. O motivo de sua vinda só pode ser encontrado no grande amor de Deus por seus filhos e filhas, como vemos na 1ª primeira leitura. O profeta reconhece as infidelidades dos humanos, mas, mesmo assim anseia pela vinda de Deus: “Ah, se rompesses os céus e descesses!” Concluímos que é pelo amor infinito de Deus que Jesus nasceu entre nós e deu início ao tempo de salvação.
Hoje os cristãos são chamados a preparar um Natal com empenho renovado na vivência da justiça de Deus. É bom lembrarmos que Deus olha por todos os filhos e filhas com os mesmos olhos de amor. Com estes olhos os cristãos são chamados a reconhecer os “sinais dos tempos” que indicam a necessidade de empenho junto aos mais pobres e sofredores. As injustiças presentes no mundo ameaçam a vida e geram um grito de dor dos filhos e filhas que sofrem em nossos dias. A “vigilância” que pede Jesus nos faz estar atentos para cumprir a missão de cada um que Ele mesmo confiou. A espera pela sua vinda nos faz sair do comodismo e da indiferença.
Sem deixar-se contaminar pelo poder do consumismo intensificado neste período, os cristãos são chamados então a celebrar o tempo de salvação e não apenas festejar uma data. O empenho alegre com a justiça será essencial para manter a comunhão com Jesus Cristo sendo fiel a Deus como sugere São Paulo na 2ª leitura.
Frei Valmir Ramos, OFM