LEITURAS: Is 2,1-5 / Sl 121 / Rm 13,11-14a / Mt 24,37-44
O evangelista Mateus contextualizou este discurso de Jesus nas imediações de Jerusalém, no Monte das Oliveiras. O Evangelho de hoje é uma parte da resposta de Jesus aos discípulos sobre “quando” seria a destruição do templo de Jerusalém, “qual sinal da vinda de Jesus” e “qual sinal da consumação dos tempos”. São Mateus une a ruína de Jerusalém, provocada pelo Império Romano, e o fim dos tempos. Sua intenção é mostrar o fim da Aliança antiga e a inauguração de uma nova Aliança com a vinda de Cristo. Na expressão “vinda do Filho do Homem”, Mateus evoca o anúncio de João Batista para “aquele que vem” (Mt 3,11). A palavra usada para indicar esta vinda é “parusia” que significa “presença” ou “vinda” e assumiu o significado de “última vinda de Cristo” para instaurar o seu Reino definitivo.
Jesus pede aos discípulos que estejam “acordados” pois “não sabiam em que dia viria o Senhor”. O termo usado indica uma atitude de espera ativa, “vigilante”, que se empenha em construir o Reino já neste mundo, combatendo a injustiça, a violência, a destruição da vida humana e de toda a criação com “armas” de luz, como diz São Paulo na segunda leitura, para despojar-se das “ações das trevas” vestir as “armas da luz”. De fato, Deus espera de seus filhos e filhas que não peguem em armas, bem ao contrário, que transformem as armas em ferramentas de trabalho e promoção de vida na “casa do Senhor”. É isso que anuncia o profeta Isaías na primeira leitura, condenando o uso de armas e incentivando as nações a um programa político para construir a paz e não a guerra.
O tempo do Advento é uma oportunidade para todos os cristãos refletirem sobre o mistério da vinda de Jesus. Ele veio em um momento histórico, em um tempo determinado, quando Herodes era rei, e nasceu como um menino em lugar determinado. O motivo de sua vinda só pode ser encontrado no grande amor de Deus por seus filhos e filhas, um amor infinito que fez Jesus nascer entre nós e deu início ao tempo de salvação.
Aos cristãos de hoje Ele pede a defesa da vida, às nações que parem de fabricar armas letais e destrutivas e que todos se empenhem na defesa da vida humana e da “casa comum”. Ninguém pode fazer do Natal uma ocasião de festa material sem um compromisso com Jesus que nasceu em Belém e veio para libertar das “ações das trevas” e “para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10).
Frei Valmir Ramos, OFM