04 de Outubro: Solenidade de São Francisco de Assis, nosso seráfico pai

Hoje, com júbilo e gratidão celebramos no calendário litúrgico de nossa Igreja e particularmente para a Família Franciscana o dia de nosso Pai Seráfico: São Francisco de Assis (1284-1226), e para nós frades menores, uma solenidade de ação de graças por tantas maravilhas manifestadas no “Poverello de Assis”. Assim sendo, é importante salientarmos de primeiro momento que ele foi acima de tudo um cristão de excepcional qualidade humana que soube muito bem em sua existência experienciar e saborear o amor de Deus em tudo e em todos.

Ademais, “Francisco penetrou no inconsciente coletivo da humanidade, no Ocidente e no Oriente e desde ali anima as energias benfeitoras que se abrem à relação amorosa com todas as criaturas, como se estivéssemos ainda no paraíso terreno”, (cf. BOFF, Leonardo. Francisco de Assis: saudade do paraíso. Petrópolis: Vozes, 1986). Portanto, foi depois de um longo caminho de purificação interior, de renúncia, de integração, que Francisco tornou-se um homem de Deus.

Se olharmos atentamente os seus biógrafos e outras autorias franciscanas, iremos perceber o quanto que o santo de Assis se entregou por inteiro ao chamado do Senhor em fraternidade. A ponto de ter como centralidade de sua vida o Cristo, o Filho do Deus bendito (cf. Mc 14, 61-62). Francisco ao longo de sua existência teve como eixo norteador a pessoa e o mistério de Cristo nas suas três dimensões, que fora inspirando nele três atitudes advindas por um espírito de oração e devoção: a pobreza da encarnação: o seguimento; a humildade da eucaristia: o encantamento; e a doação total da paixão e cruz: a configuração.

Um dos aspectos de crucial importância na vida de Francisco foi sua profunda experiência de Deus (cf. a oração Louvores a Deus), onde descobriu que a misericórdia do Pai é infinitamente maior que todos os nossos pecados, porque seu amor é maior que o nosso coração (cf. Lc 6,35). Ele deu total atenção às criações de Deus, considerando-as como irmãos e irmãs, até mesmo a morte. Construiu fraternidade com os mais excluídos de sua época, e com todas as pessoas, buscava pelo diálogo a paz e o bem. No pobre de Assis, tudo era cercado de um amor incondicional, repleto de ternura e vigor.

Atualmente, seu modo de ser e agir é ainda bastante inspirador, pois sua autenticidade no seguimento a Jesus, observando o Santo Evangelho, como regra de vida, vivendo em obediência, castidade e não possuindo absolutamente nada de próprio, faz com que muitos possam buscar perfazer os caminhos como franciscanos e franciscanas, num mundo contrário aos valores evangélicos e ao verdadeiro sentido da vida, entregando-se por amor.

Enfim, na espiritualidade franciscana somos convidados a esvaziarmo-nos daquilo que nos afasta da graça de Deus, para nos robustecermos da fé, para assim sermos verdadeiros seguidores de Cristo como muito bem fez Francisco de Assis em seu tempo. Que o exemplo do Poverello de Assis suscite no coração da Ordem dos Frades Menores, da Igreja, de todos os franciscanos e franciscanas espalhados pelo mundo o ardor profético e missionário, de anunciar o evangelho com tudo aquilo que somos e temos.

Fraternalmente,

Frei Vinícius Alves de Oliveira, OFM