LEITURAS: Gn 14,8-20 / Sl 109 / 1Cor 11,23-26 Lc 9,11b-17
A segunda leitura nos mostra talvez o primeiro texto escrito do Novo Testamento. Trata-se de um testemunho dos mais importantes sobre a Eucaristia instituída por Jesus e celebrada pelas primeiras comunidades. Pão e vinho são as espécies escolhidas por Jesus por serem a base do alimento do seu povo. Na simplicidade do pão e do vinho, Jesus se faz presente entre aqueles que nele creem. Para São Francisco de Assis, é uma extrema humildade a de Jesus, escolhendo o pão e o vinho para estar com os seus para sempre. Pela força do Espírito Santo, a presença de Jesus eucarístico mantém as comunidades vivas. Ele será sempre o alimento e a força da sua Igreja em sua missão no mundo inteiro.
A transformação do pão e do vinho em corpo e sangue de Jesus é o mistério do grande amor doação de Deus para com os seus filhos e filhas. É por amor que Jesus age também para que as multidões famintas não desfaleçam. A narração que ouvimos do Evangelho de Lucas mostra como os discípulos queriam despachar as multidões, mas Jesus, ao contrário, não só impede que os famintos deixem o local como também pede aos discípulos de dar-lhes de comer. Jesus pede um milagre aos discípulos: fazer acontecer a partilha. Este foi o milagre da multiplicação dos “cinco pães e dois peixes”. Aconteceu a partilha de modo organizado (em grupos) e sobraram “doze cestos”.
A terra criada por Deus é boa e fértil e todos devem reconhecer e louvar o “Deus Altíssimo, criador do céu e da terra”. Cada região pode ter seus produtos típicos, mas em todas as regiões a terra produz algo. Na primeira leitura vemos a oferta a Deus dos frutos da terra no deserto de Canaã. Na Eucaristia, a Igreja católica oferece os frutos da terra, o pão e o vinho, para que se realize o que Jesus pediu: “façam isso em minha memória”, que quer dizer, tornem este gesto presente em todos os tempos.
Celebrar Corpus Christi significa adorar Jesus Eucarístico e comprometer-se com Ele para que não haja multidões famintas. O fruto da terra precisa ser partilhado, não pode ser desperdiçado e nem mantido reservado egoisticamente. Os cristãos de hoje precisam abraçar a missão pedida por Jesus: “dai-lhes vós mesmos de comer”. Para isto existem muitas formas, incluindo aquelas de promoção humana em que é quebrado o ciclo de miserabilidade que atinge milhões de famílias.
Frei Valmir Ramos, OFM