LEITURAS: Jl 2,12-18 / Sl 50 / 2Cor 5,20-6,2 / Mt 6,1-6.16-18
Com a celebração das cinzas a Igreja católica propõe um caminho de conversão em preparação à celebração mais importante do cristianismo: a Páscoa. No Domingo de Páscoa Jesus ressuscitou vencendo a morte e o pecado e dando vida à toda a humanidade. Desta celebração nasceram todas as demais a partir da Páscoa dominical.
O caminho de conversão deve ser feito buscando sempre mais o próprio Deus, pois converter-se significa retornar a Deus para fazer a sua vontade e não a nossa. Significa deixar o pecado e abraçar o projeto do Reino e a misericórdia de Deus.
No Evangelho desta quarta-feira de cinzas Jesus ensina que praticar a justiça significa praticar as boas obras que tornam a pessoa justa aos olhos de Deus. São obras que revelam o amor ao próximo realizado de modo concreto, o modo honesto de viver e trabalhar. Por isso deve ser silenciosa, pois ninguém precisa ficar sabendo, porque Deus mesmo “vê” nossas ações. Também ensina que a oração, que nos aproxima de Deus e nos mantém em diálogo com Ele, deve ser feita de modo humilde diante de Deus e das pessoas, deve ser muito mais com o coração do que com os lábios, cheia de confiança na bondade de Deus, pedindo sobretudo pela vinda do seu Reino e colocando-se à disposição para ajudá-lo na sua construção. Então não será uma oração egoísta e intimista que olha só para mim mesmo e para meus interesses, mas será aberta para concretizar o amor ao próximo.
Durante o caminho de conversão, o cristão é convidado a fazer penitência que, na prática, significa fazer crescer o amor aos irmãos e irmãs. Um modo de fazer penitência é o jejum, que é diferente de deixar tudo para comer à noite ou amanhã. O jejum cristão precisa ser solidário, precisa ser na linha da partilha, do amor àqueles que não têm alimentos suficientes ou oportunidades para desenvolver-se plenamente como filhos e filhas de Deus.
Neste ano, mais uma vez a Igreja no Brasil nos pede compromisso diante dos sinais de divisões e inimizade entre as pessoas, irmãos e irmãs chamados a construir a amizade e a paz.
Campanha da Fraternidade 2024: Fraternidade e Amizade Social
O tema da CF deste ano chama a atenção para o nosso “tempo em que a vida, as pessoas e as relações humanas experimentam tanta agressão, tantas ameaças”. Jesus no Evangelho é claro: “vós todos sois irmãos e irmãs… um só é vosso mestre e guia” (cf. Mt 23,8). A vida de São Francisco de Assis ensina que “a santidade se manifesta na fraternidade, na amizade sem fronteiras, para além dos nossos gostos, afetos e preferências, abrindo-nos aos outros”. De modo contrário, criamos “inimigos” e justificamos a agressão e a violência para eliminá-los com fez Caim, sem assumir sua responsabilidade pelo irmão.
Frei Valmir Ramos, OFM