LEITURAS: Ex 24,3-8 / Sl 115 / Hb 9,11-15 / Mc 14,12-16.22-26
Jesus celebra a nova aliança com seus discípulos e todo o povo de Deus entregando o seu corpo e o seu sangue como alimento. Era a última ceia que Jesus estava com os Apóstolos e era ocasião da Páscoa judaica. O sentido dado pelos hebreus era a festa da libertação do Egito, onde o povo era escravizado e Deus, ouvindo o clamor de seus filhos e filhas, o libertou e o conduziu para uma terra em liberdade e dignidade.
O Deus libertador deu ao seu povo um mandamento através de Moisés e fez uma aliança de amor, compromisso e empenho. Na primeira leitura vemos o povo reafirmando que observará o mandamento de Deus: “faremos tudo o que o Senhor disse e lhe obedeceremos”. O sangue dos animais foi um sinal da aliança de Deus com o seu povo. Não apenas um pacto, mas um empenho de Deus que nunca abandonaria o seu povo e queria que o seu povo não o abandonasse.
Jesus celebra a nova aliança com o seu próprio corpo e sangue que “purificará a nossa consciência das obras mortas, para servirmos ao Deus vivo”, diz a Carta aos hebreus na segunda leitura. Ele agora é “mediador de uma nova aliança”. Sua presença na Eucaristia é o sinal mais evidente da fidelidade de Deus ao seu povo. Pela força do Espírito Santo, a presença de Jesus eucarístico mantém as comunidades vivas.
Da Páscoa hebraica que celebrava um fato histórico de saída da escravidão, Jesus passa à redenção pela doação da própria vida. Daquele momento em diante, será Ele mesmo o alimento do seu povo para uma vida nova, empenhada em realizar o projeto de Deus de justiça e vida em abundância para todos. Para São Francisco de Assis, é uma extrema humildade a de Jesus, escolhendo o pão e o vinho para estar com os seus para sempre.
Os cristãos de hoje são chamados a viver com intensidade além da devoção à Eucaristia, também viver a “nova aliança” de amor e empenho com o projeto de Jesus. O sangue de Jesus não pode lavar apenas e intimamente os meus pecados sem a minha participação. Ele mesmo conclama a todos os cristãos para agir para extirpar o pecado social, não permitindo que a vida humana seja ameaçada, que a dignidade humana seja pisoteada pela fome, que por falta de partilha a morte atinja pessoas inocentes, que a ganância provoque a extinção de etnias sobreviventes, que a discriminação e a xenofobia causem a morte e destruição de irmãos e irmãs destinatários da nova aliança.
Frei Valmir Ramos, OFM