Solenidade de Pentecostes: “Recebei o Espírito Santo!”

LEITURAS: At 2,1-11 / Sl 103 / 1Cor 12,3b-7.12-13 / Jo 20,19-23

Recebei o Espírito Santo!”. A promessa que Jesus fez de enviar o Espírito Santo aos seus discípulos agora se cumpre. É o único Espírito que procede do Pai e do próprio Jesus como força criadora de Deus. Já no livro do Gêneses lemos que “o Espírito de Deus pairava sobre as águas”. No Antigo Testamento a palavra “espírito” tem muitos significados, mas sempre relacionados com significado principal que é espírito, vento, hálito, vigor, força que vem de dentro, força criadora. Na língua hebraica é um substantivo feminino, entendido como algo que vem de dentro do ser de Deus e que dá vida. É assim que vemos a atuação de Deus ao criar todas as coisas e ao capacitar os seus mensageiros, desde Moisés até o próprio Jesus e seus discípulos e discípulas.

A festa de Pentecostes é a festa do Espírito Santo, tão importante como o Natal e a Páscoa, pois com a vinda do Espírito Santo os discípulos de Jesus tiveram a força de Deus para espalhar o Evangelho pelo mundo inteiro. A 1ª leitura diz que eles estavam em Jerusalém quando receberam o Espírito. Os estrangeiros ouviam a pregação na própria língua, o que indica a universalidade do Evangelho destinado a todos os povos. Lucas fala de uma “forte ventania” que, como no Antigo Testamento, indica a presença do Espírito de Deus. Também fala de “línguas como de fogo” que também, no Antigo Testamento, indicam a presença de Deus. Assim, a festa de Pentecostes é transformada de festa da colheita para os judeus em festa do Espírito Santo para os cristãos. Será o início da missão messiânica da Igreja que, recebendo o batismo do Espírito, deve anunciar a nova criação para todos os povos.

Todos os batizados recebem o dom do Espírito Santo para serem mensageiros da salvação de Deus que continua presente “realizando todas as coisas em todos”, como nos diz São Paulo na carta aos Coríntios. É São Paulo também que afirma que “todos somos batizados num único Espírito” e “formamos um só corpo” que é a nova família de Jesus, a Igreja. Contudo, o dom recebido não é destinado ao proveito próprio, mas é dom colocado a serviço dos outros. “Há uma diversidade de dons, mas um mesmo é o Espírito” e esta será a riqueza da Igreja: se os dons forem repartidos, quer dizer, se todos colocarem-se a serviço uns dos outros.

Celebrar a festa de Pentecostes hoje significa reconhecer que o Espírito Santo é a força da Igreja e que este mesmo Espírito interpela todos os cristãos para continuarem a missão de Jesus no mundo. Quanto maiores os desafios, mais os batizados devem ouvir os apelos do Espírito e agir com a força de Deus para defender a vida e a dignidade das pessoas e construir a paz verdadeira em todos os cantos do mundo.

Frei Valmir Ramos, OFM