6º Domingo do Tempo Comum: “Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus!”

LEITURAS: Jr 17,5-8 / Sl 1 / 1Cor 15,12.16-20 / Lc 6,17.20-26

O evangelista Lucas apresenta o ensinamento de Jesus logo depois que Ele passou a noite em oração sobre a montanha. Lucas narra o “sermão” de Jesus em uma planície enquanto o evangelista Mateus fala de uma montanha. O contexto é o mesmo, quando Jesus vê uma multidão e começa a ensinar. Lucas, porém, indica que a multidão é composta de judeus e de estrangeiros vindos de todas as regiões para ouvir Jesus e serem curados de suas enfermidades por Ele.

Jesus, então, dirige o seu ensinamento para todos, incluindo os seus discípulos. No texto deste Domingo, Lucas apresenta as “bem-aventuranças” nos versículos 20 a 23 e as admoestações nos seguintes 24 a 26. Lucas apresenta Jesus olhando para a condição social das pessoas que muitas vezes causa sofrimentos e, ao mesmo tempo, anunciando a realização da salvação, quando a situação será inversa. Então anuncia aos pobres que herdarão o Reino e aos ricos não haverá nada, pois já receberam a consolação. Aos famintos anuncia que serão saciados, enquanto que os que têm fartura passarão fome. Aos que choram a alegria, e aos que riem o luto e as lágrimas. Aos perseguidos por causa de Jesus mesmo a “recompensa no céu”, enquanto aos que recebem elogios, frustração e perdas, pois assim foi com “os falsos profetas”.

Uma mensagem deste ensinamento de Jesus é que cada pessoa precisa colocar a sua confiança em Deus, como anuncia o profeta Jeremias, vislumbrando a vida que vai além da matéria. Quem não se apega às coisas materiais sabe reconhecer a fome, o sofrimento e as angústias do outro. Isto o torna menos egoísta e mais fraterno, mais solidário. E é a fraternidade e a solidariedade que leva a pessoa a participar do Reino de Deus. A confiança depositada em Deus não deixa a pessoa pensar que os bens materiais que podem expressar poder, fartura, alegria, elogios sejam a salvação.

Quando na segunda leitura São Paulo anuncia que a nossa fé seria em vão sem a ressurreição de Jesus, ele está afirmando que o Mestre percorreu o caminho das bem-aventuranças e venceu inclusive a própria morte. Assim será para cada discípulo que de fato vivenciar a Palavra das bem-aventuranças, pois viverá com o Ressuscitado na felicidade eterna.

Frei Valmir Ramos, OFM