2º Domingo da Quaresma: “Este é o meu Filho, o Escolhido. Escutai o que ele diz!”

LEITURAS: Gn 15,5-12.17-18 / Sl 26 / Fl 3,17-4,1 / Lc 9,28b-36

A transfiguração de Jesus significa a sua revelação como Deus presente no meio do seu povo. Os discípulos viram a sua glória antecipada no momento em que eles estavam sobre a montanha para rezar. É antecipada porque Jesus deverá sofrer a paixão e morte de cruz para depois ressuscitar como vencedor da morte. O evangelista Lucas menciona que é sobre esta morte que Jesus conversa com Moisés e Elias que também aparecem “revestidos de glória”.

Os discípulos estão diante do Deus da vida e veem Moisés e Elias como “homens” que conversam com Jesus. Talvez Lucas quis indicar que apesar de grandes personagens da história sagrada, só Jesus é Deus no meio da humanidade.

Os discípulos ainda não entendem o que está acontecendo. De fato, eles só entenderam completamente o que Jesus disse e fez depois de vê-lo ressuscitado. Pedro quer ficar na montanha, não quer que Jesus passe pelo sofrimento, pela morte. Jesus por sua vez, não dá ouvidos à proposta de Pedro e desce da montanha para realizar a sua missão. Em outras palavras, Jesus desceu para onde estavam as pessoas pobres, doentes, marginalizadas, sofredoras para aí cumprir a missão para dar vida e dignidade aos filhos e filhas de Deus.

Sobre a montanha uma voz ressoa: “este é o meu Filho, o Escolhido, escutai o que ele diz”. O evangelista apresenta aí a identidade de Jesus: Ele é o Messias, o Eleito de Deus que deveria manifestar-se ao mundo com humildade, como servo que entrega a própria vida para que os filhos e filhas de Deus tenham vida. Em Jesus se cumpre tudo que o Deus havia revelado a Abraão como vida e descendência e ainda mais plenamente com a salvação da humanidade.

Durante a quaresma os cristãos são convidados a refletir sobre a ação amorosa de Jesus que abraçou a cruz e a morte para cumprir a vontade do Pai que o glorificou na ressurreição. São Paulo escreve que seremos também glorificados em Cristo, mas é preciso abraçar a vontade de Deus, mesmo que esta exija abraçar a cruz, o sofrimento e o amor aos inimigos e perseguidores, pois Ele é a nossa “luz e salvação”.

Frei Valmir Ramos, OFM